Figurino e nome, de onde vieram?

Quando fui montar meu figurino, movimentei toda minha família. Eu tinha o costume de ficar muito tempo na casa da minha avó materna, Edna, que morava junto com minha tia Eliana. E ambas ajudaram na busca de uma marca. Quebramos a cabeça, até que, em um café da manhã, olhamos o cestinho de pão da minha avó e a ideia veio apenas no olhar das três. Meu chapéu então foi a cobertura do cestinho de pão da minha avó. Ele era de tule, com as bordas de tecido xadrez verde, com um zíper no meio. Colocamos na minha cabeça e logo fiz um rabo de cavalo e coloquei para fora do zíper.

Mal sabia o quanto este cestinho de pão marcaria essa minha palhaça.

Para criar algo na minha vestimenta peguei um vestido da minha mãe, Sandra, que eu achava muito brega, e simulei um jaleco, por cima de uma blusa e uma leggin. No meu pé coloquei logo meu tênis com a estampa da arte de Romero Britto.

Quando dei inicio as visitas em grupo, percebia que sempre estava escondida nas brincadeiras dos outros palhaços. Algumas brincadeiras eu achava pesada, outras eu achava muito original. Este trabalho, de fato era um desafio que me aguçava cada vez mais.

Porém minha palhaça ainda não tinha um nome, apenas sabia que queria colocar algo com Chica, pois esse sempre foi meu apelido desde pequena, meu pai, João, o havia colocado e, consequentemente, a família toda me chamava de “Chiquinha”.

Um belo dia, em uma visita em grupo, um dos palhaços presentes contou uma piada para um paciente, lhe perguntou você assiste a novela da menopausa? E o paciente respondeu qual, a Velho Chico? E todos do quarto riram, menos eu, aliás dei uma risadinha, mas sem a empolgação dos demais. Sai do quarto, continuei a visitar os outros quartos até que comecei a rir da piada, e percebi que eu era bem tonta, voltei no quarto do paciente da piada e ri, a piada virou minha tontura. Foi neste dia 29 de maio de 2016 que a Chica Tonta criou vida, empoderou-se de seu nome e personalidade.

Dai em diante me apresentava como Dra. Chica Tonta, alguns me chamavam de Chica Bom, mas eu persistia no Chica Tonta, era algo muito pessoal e próprio.